terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Comunicado

Com o fim do Trabalho de Conclusão de Curso o assunto "viagens nos trens metropolitanos" vai diminuir drasticamente. Dessa forma, o blog, em 2009, terá um novo rumo. Ele será mantido, porém, provavelmente, terá outro nome.

Ainda não há nada definido, porém, certamente, haverá essa modificação. Aqueles que começaram acompanhar o blog o meu sincero obrigado. Espero que continue acompanhando nessa nova empreitada...

Uma aventura oculta

Essa é uma das histórias que não constam no livro "Sobre os Trilhos"
Um jornalista neófito, em busca de sua grande reportagem, circula pelos trens metropolitanos de São Paulo. A ferrovia que contém 260 Km e muitas histórias, numa noite relativamente fria, por volta das 21h, na linha 7 – Rubi, na estação de Francisco Morato, um homem inicia um diálogo com o aspirante a repórter.
Um homem que aparenta quase 30 anos, cabelos curtos, pele branca lembrando um dinamarquês recém-chegado, fala em forma de gírias. “Pô irmão, me zuaram”. Sua face aterrorizada intriga o jovem pela história que viria a seguir, o cenário que envolve os dois contribuí para transformar aquele encontro no mais estranho possível. Aquele ambiente onde vendedores ambulantes tiram seu sustento e trabalhadores que após uma jornada de 8, 9, 12h seguem o rumo de casa.
O desconhecido esboça um tique, se enrola nas palavras e se perde no seu relato. Suas palavras corridas são quase incompreensíveis. Entre os poucos momentos de euforia, o jovem jornalista consegue decifrar suas palavras. “Meu a mulher que morava comigo me fudeu! Ela pegou o filho dela e chamou a polícia. Os caras acharam pó em casa, tive que fugir!”.
Após essa breve revelação começou a fazer sentido para o jornalista, que apenas acompanhava com a cabela e poucas vezes fazia gesto de concordância com o rapaz. “Porra! Ela me fudeu. Foi planejado, agora vou ter que vazar, vou tentar arrumar um esquema na casa da minha mãe”.
Durante a conversa, o aprendiz de repórter questionou como ele conseguiu fugir da policia? E o homem respondia: “Sai pela porta dos fundos, a mulher já tinha ido embora e os homens arrombaram a porta, aí pulei pro quintal do vizinho e fiquei lá! Um camarada arrrumou 50 paus pra dormir num hotel”.
Uma bela história para o jornalista que sonhava em fazer sua grande reportagem, mas faltavam detalhes, mal sabia ele que não poderia divulgar aquilo. Na verdade, era apenas uma realidade oculta que se abria a ele. Uma realidade que fazia o coração bater mais forte e sempre procurar o outro lado da moeda.
Os dois ainda conversaram por cerca de 15 minutos, tempo para o jornalista notar várias vezes o olhar perdido do fugitivo num horizonte próximo. Uma figura que não se separava da sua cigarilha, que tinha outra função, além de portar cigarros. “Essa aqui é pra dar uma cafungada hehehehe...”
Na estação de Várzea Paulista, o jornalista com um breve olhar e um movimento de cabeça se despediu do confuso, desesperado e perdido rapaz que seguia rumo a algum lugar longe da polícia e que possa ficar em liberdade. O fugitivo ficou contido em seu olhar perdido permaneceu introspectivo.